terça-feira, 24 de junho de 2008

Entrevista: Fernando Steler & Evandro Banzato

Imes Notícias - Ano XV - Nº 100 Setembro 2005

Antes de concorrerem a um emprego com o salário de R$ 250.000,00 por ano no programa "O Aprendiz 2", da Rede Record, os ex-alunos de Administração do IMES Fernando Steler e Evandro Banzato batalharam bastante. Suas experiências e competências foram testadas em um mega processo seletivo, no qual concorreram com mais de 50 mil pessoas. Desses 50 mil, sobraram 600, depois 50 e, ao final, 16 pessoas. Mas, apesar de toda a eficiência comprovada em testes, dinâmicas e desenvolvimento de tarefas, os dois continuam na luta, também na busca pelo sucesso e satisfação profissional. Confira, na entrevista, um pouco da história, curiosidades e dicas de nossos aprendizes.

IMES Notícias: Quais aspectos ligados à formação acadêmica complementar foram mais significativos em suas vidas profissionais? Quais ainda faltam?

Fernando Steler: Fiz um curso no SEBRAE chamado Empretec, voltado para o empreendedorismo, que me ajudou bastante, tem um conceito muito parecido com o do programa, onde não basta ser especialista em uma única função, é preciso saber de tudo um pouco. A formação em Administração de Empresas que tive no IMES também foi importante, foi meu primeiro contato com as teorias que eu utilizo até hoje. Fiz também uma especialização em Finanças na USP e um estágio em Administração de um mês em Washington. Atualmente curso MBA em Engenharia de Produtos na Poli. Em termos teóricos acho que conquistei uma base muito legal, mas, assim que terminar a Pós, pretendo sair um pouco do meio da administração e pender mais para a parte organizacional, psicológica... Abrir para outros lados.

Evandro Banzato: É muito importante a formação, mas acho que o aluno é quem faz a faculdade. Não adianta ser hiper bem formado e não saber se relacionar com as pessoas ou colocar em prática tudo que aprendeu. Considero todas as experiências que passei, não só em termos acadêmicos, importantes para minha carreira. Quando faltava um ano para me formar no IMES, tive a oportunidade de estudar fora, então tranquei a matrícula e fui para a Austrália, fiz um ano de Business College. Quando voltei, terminei o curso no IMES, depois fiz a Pós na FAAP. Hoje, acho que seria o momento de cursar um MBA. Apesar de a experiência do Aprendiz ter sido como um MBA, quem viu de fora viu muito pouco do que aconteceu lá dentro.

IN: Qual a importância da formação acadêmica em relação a experiências profissionais em processos seletivos?

FS: Eu acredito que é uma balança mesmo, tem que ter os dois. Não adianta ter uma base forte teórica e não saber colocar em prática e vice-versa.

EB: É um ponto flexível. Existem empresas que fazem questão de ter um profissional que venha de determinadas instituições renomadas. Mas, no mundo atual, quando se é um bom profissional, tem boas experiências e referências, bons relacionamentos que possam abrir inúmeras portas, é indiferente onde se formou.

IN: Em sua opinião, como ser político sem deixar de ser ético em um relacionamento profissional?

FS: Acho que você deve ser sutil, se não gosta, por qualquer que seja o motivo, de determinada pessoa. Jogue limpo, tente conversar com ela como melhorar essa situação, por que afinal você tem de trabalhar com ela, e se não está contente fica complicado.

EB: A ética é fundamental. É claro que em alguns momentos é preciso ser um pouco político também, mas as situações devem ser bem avaliadas, por mais que não concorde com alguma coisa, precisa do emprego também, tem de ser tolerante.

IN: Como deve ser o profissional ideal?

FS: Eu acho que o profissional ideal, hoje em dia, tem de ter muito desse balanço entre formação e experiência, e ser bastante holístico. Fazer um pouco de tudo, ter uma visão abrangente, trazer novos negócios para a empresa, oportunidades, produtos e principalmente idéias.

EB: Um bom profissional deve ter um conjunto de qualidades e habilidades que inclui a formação e o seu histórico profissional, ou seja, é importante que ele tenha deixado uma imagem positiva em seus últimos empregos. Para quem nunca trabalhou, é batalhar e mostrar algo diferente, pois de currículos o mercado está cheio É preciso procurar se diferenciar dos outros.

IN: Com que tipo de pessoa têm mais dificuldade de trabalhar?

FS: O pior defeito de um profissional, para mim, é pecar na parte de relacionamento, não se comunicar dentro da empresa e não fazer as coisas acontecerem para ajudar os departamentos. Esse tipo de profissional não tem espaço hoje no mercado.

EB: Um mal profissional é uma pessoa que não sabe ouvir, fala em demasia, não sabe compartilhar e tem medo. Um bom profissional sempre enxerga a empresa como um todo, sabe se relacionar e não quer competir com os outros, canaliza o que sabe em prol da empresa. O funcionário negativo quer se sobressair perante o todo.

IN: Ter um negócio próprio é a forma mais adequada de se estabelecer profissional e financeiramente?

FS: Acho que sim. Eu prefiro tocar o meu negócio, mesmo que for para ganhar a metade do que eu ganharia em uma empresa. Quando se tem um negócio o limite é o mercado, você tem a liberdade de explorá-lo. Eu sou um pouco entusiasta quanto ao empreendedorismo, quando se tem a motivação empreendedora você não ajuda só a si mesmo como também à sociedade como um todo. Porém é muito difícil tocar uma empresa, às vezes ela começa no prejuízo, então isso desmotiva um pouco as pessoas que estão acostumadas a ter um salário. Por isso, um empreendedor deve ter persistência, porque ele pode se dar mal, ele pode quebrar, ele pode ver o negócio dele fechar, todo mundo passa por isso quando começa.

EB: E é difícil, muito difícil. Você tem que ter em mente que vai trabalhar muito, por isso tem que gostar do que for fazer e estar preparado para perder e para ganhar, saber investir naquilo que está ganhando. Se almeja montar um negócio próprio, tem que montar com esse espírito, por mais que você planeje, pode dar

IN: Estabelecer um limite máximo de permanência em um trabalho é algo recomendável?

FS: Se a empresa não lhe oferece oportunidade para crescer, eu acho que sim. Mas também não é recomendável, por questão de ética, quando se assume um departamento, entrar e logo sair da empresa. É estimável um tempo mínimo de 1 ano, mais ou menos, para se sentir a empresa e a experiência que ela pode te oferecer.

EB: No início da carreira você tem de buscar experiência, por mais que almeje uma empresa melhor do que aquela em que você está, precisa ter a experiência para entrar em outra empresa. Acho até importante você colocar um limite, por exemplo, 1 ano, mas quando estiver concluindo esse 1 ano, já comece a buscar um novo emprego, para não terminar desempregado.

IN: A participação no programa ocasionou alguma mudança em seus projetos profissionais ou pessoais?

FS: Sim. Acho que me tornei muito mais exigente e competente.

EB: Profissionalmente, acho que esse é o momento para analisar com bastante calma as propostas que vão aparecendo e avaliar o que é mais viável para a mim. Pessoalmente, continua a mesma coisa.

IN: Contem um pouco de suas trajetórias profissionais.

FS: Eu comecei a trabalhar na empresa do meu pai, eu era a pessoa que estava estudando Administração e futuramente ia tocar a empresa. Quando percebi que era o momento de sair, fui batalhar no mercado. Trabalhei na área comercial, vendendo software, multimídia, depois fui Gerente de Produto na Brasoft, também na mesma função, trabalhei na OmniLink, que é uma empresa de rastreamento, e quando estava nessa empresa, recebi a proposta para participar do Aprendiz 2. Atualmente sou acionista de uma empresa mas não sou o executivo que toca a empresa. Estou analisando propostas, fazendo entrevistas, e ao mesmo tempo ajudo em algumas coisas nessa empresa. Mas estou correndo atrás da minha profissão que é Gerente de Produtos, principalmente na área de tecnologia.

EB: Eu já fiz tanta coisa... Mas eu acho muito bom tudo o que eu fiz, por que me agregou coisas positivas, conhecimento, desenvoltura, tudo o que eu fiz teve seu papel. Um exemplo disso foi meu primeiro emprego, eu tinha 19 anos, fui contratado para vender títulos de clube, e eu era uma pessoa extremamente tímida e fechada e essa experiência me fez perder muito a timidez, a introspecção. Bom, como foram muitas, vou falar das experiências mais significativas. Trabalhei numa importadora, comecei como estagiário, e depois de 6 meses fui contratado, fiquei lá mais ou menos 1 ano e meio como auxiliar do departamento de Recursos Humanos. Então surgiu a oportunidade de eu estudar no exterior. Quando voltei, tive uma experiência na McKinsey Consultoria, uma das maiores consultorias do mundo, também nessa área de RH, porém não era a área em que queria atuar. Depois acabei saindo de lá e fui para a empresa onde tive uma experiência maior, fiquei 5 anos no Grupo IMAM, que é uma grande empresa de logística onde pude atuar em várias áreas principalmente na comercial. Depois tive a experiência de ser empreendedor, montei uma lanchonete no shopping Mauá, que acabou não dando certo. Tudo o que eu fiz, me agregou valores, até a experiência de servir o Tiro de Guerra em Santo André, que na época, como todo jovem, eu achava ruim, hoje vejo que foi uma experiência fantástica. Minha última experiência profissional, antes de ser chamado para O Aprendiz 2, foi gerenciar o restaurante Leonardos, em SP. Atualmente, diante dessa visibilidade toda que o programa me proporcionou, estou analisando algumas propostas e correndo atrás do que for melhor para mim.

IN: Que dicas dariam aos estudantes que estão em busca de uma colocação profissional?

FS: Aprender sempre, mas não é só estudando, partir para a prática. Se não tiver emprego, não fique reclamando, arrume alguma coisa para fazer, vá aprender ajudando alguém, o que não pode é ficar parado.

EB: Buscar se diferenciar ao longo da vida. Tem de ter estudo, postura sempre positiva, ética, garra, vontade, e aliar isso tudo não só à sua vida profissional, mas também à vida pessoal. Ser impecável com a palavra, falar sempre a verdade e tomar muito cuidado com o que falar. Por onde passar, ofereça o melhor de si, você pode tanto ganhar quanto perder, mas nunca vai se arrepender.

IN: Quais recordações têm da época em que cursavam Administração de Empresas no IMES?

FS: O que mais me marcou no período da faculdade... Bom, o IMES foi um marco na minha vida. A faculdade abriu a minha cabeça para a vida profissional, me fez "virar gente", fez com que visse o mundo de outra forma. Em outras palavras, cortou o cordão umbilical, percebi que podia e tinha de andar com as minhas próprias pernas.

EB: Uma pessoa que marcou do IMES foi o professor Denis Donaire. Eu tive de fazer 3 vezes Estatística, a matéria que ele lecionava na época. Eu não gostava da matéria e não estudava. Mas, no terceiro ano resolvi que ia estudar e passei. Isso me marcou e hoje vejo essa história de uma maneira positiva. Aprendi que na vida vão existir coisas que são mais fáceis e outras mais difíceis, e você tem de saber lidar com isso e superar as dificuldades, mesmo que não goste. Confesso que eu continuo não gostando muito de Estatística, mas tive de aprender!

IN: Durante a participação no Aprendiz, algum momento sentiram que poderiam ser demitidos?

FS: Só senti que ia ser demitido no dia em que realmente fui.

EB: Eu nunca deixei de acreditar que poderia ganhar, mas ao mesmo tempo sentia que poderia sair desde o primeiro momento, pois sabia que minha postura ia incomodar muita gente.

IN: Que livros vocês indicariam?

FS: O Discurso do Método - René Descartes; Matsushita Leadership - John P. Kotter e A Arte da Guerra para quem Mexeu no Queijo do Pai Rico - Luli Radfaher.

EB: Como fazer amigos e influenciar pessoas - Dale Carnegie e A Arte da Guerra - Sun Tzu.

Nenhum comentário: